sexta-feira, 23 de novembro de 2007

yellow world...

Por vezes sinto que o mundo está mesmo assim Adormecido Escurecendo á minha volta. Apetece-me gritar pela azia Que nos trouxe até aqui Pelo cansaço de tantas cores De brilhos temporários que nos distraem do pensamento Sinto que perdemos a esperança A cada suspiro E apetece-me gritar Apetece-me cortar mais cabelo Livrar-me de todos esses olhares Que me esperam Desses dentes cerrados Que me vão trincando o coração Apetece-me desligar Calcar o botão de arranque E começar numa folha limpa Noutro pedaço de mim. Diferente. Mas não me mexo Deixo-me estar assim Sentindo. Que. Amanhã volto a sentir o mesmo.

verso bruxuliante...

Nasci para correr contra o vento de braços abertos e espírito solto, gritando o meu tormento num dueto que escuto.

Nasci para sentir a leve brisa gelada a acariciar o rosto pálido de desgosto, a consolar lágrimas de geada.

Nasci para parar no alto do precipício contemplando o murmúrio sussurrado ao ouvido: de um sossego de outro mundo.

Nasci! Para saltar e embraçar o vento na necessidade de voar que sinto, de num salto trespassar o instinto, forte no grito!

Mais um segundo que passa, Mais uma estrela que se apaga, Mais uma lágrima que derramo;

Mas o tempo não pára, As estrelas são incontáveis, E as lágrimas não se acabam;

Assim como o meu Amor por ti é eterno e inesgotável.

Todo o amor que sentia doía-me. Macerava-me por dentro lentamente, como se caminhasse perpetuamente com os meus pés descalços sobre vidro estilhaçado, como se o mundo fosse acabar amanha e já não sobrasse mais tempo para te dizer o quanto me completavas. Queria tanto dizer-to mas contia-me na minha obscuridade insana pois receava magoar-te assim também. Desejava mais do que tudo apertar-te contra o meu peito, afagar-te suavemente a tua face morna de mármore pálido, brincar com o teu cabelo na efémera eternidade de um beijo roubado. Mas as minhas mãos eram lâminas afiadas de razões e intentos desconhecidos. O meu toque era frio e ríspido como espadas de guerra brandidas sem piedade. O meu gesto era morte e dor lancinante. Abracei-me a ti contido, capaz de amar mas incapaz de dar amor, no controverso instante do egoísmo e do verdadeiro amar, sedento de te tocar mas incapaz de te magoar, perdido de amor mas sem amor perdido... e deixei-te ir.

O amor é daqueles que podem amar, não daqueles que o sentem... esses apenas amam.

Balada das palavras tristes...

As palavras que fomos de amanhã Do amor de hoje perdido Nada demais do que sorrir Se nada mais já faz mais sentido Senão sorrir Senão sonhar Se não viver Sem te amar ou querer assim Como se o mundo inteiro fosse Só um pretexto para te ver Sem te tocar

E as promessas que vamos fazer ontem Já as esquecemos amanhã de lembrar No dia depois do agora Sem que nada nos faça mudar Senão demora Senão esmorecer Se não der certo Este te amar ou querer assim Como se tudo em nós já fosse A soma de tudo o incerto De te querer.

E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.

Um dia talvez eu chova e as flores quebrem no ar o coração dos outros.

A lua entretanto que se entregue porque dela já caem nuvens...

Corajosamente vejo nas àrvores alguma morte quando as prendo no meu corpo.

Aqui...

Lá fora o sol chora E chora por nós Lágrimas de chuva Pelo amanhã que demora Ou por apenas estarmos sós Dentro de mim o frio invade A raiva no meu desejo Não sei se é sonho ou vontade Do sabor do sonho do teu beijo O dia parece rasgar Uma aura de tristeza Que em mim vejo formar E cair na mesma incerteza Se amanha me vais amar Lá fora o sol agarra O sorriso do entardecer E minha vida em ti amarra Toda a vontade de viver.