domingo, 10 de dezembro de 2006

Te vesti como desejava Te despi quando a fim estava E você cantou pra mim...

Te enxerguei pela fechadura Debaixo daquela armadura E você dançou pra mim...

Te entendi como podia Fui mãe, dei colo quando pedia E você chorou pra mim...

Mas foi só te entregar minha vida Pra você estar de saída E nunca mais olhar pra mim!!!

Te amo tanto que chega a doer, doer o meu peito, o peito que você faz sofrer.

Te amo tanto que chego a chorar, pora não ter você aqui para me abraçar.

Te amo tanto que só sei sofrer, poruqe eu te vejo de uma maneira que você não me vê.

Mas posso dizer que te amo tanto, que nunca vou te esquecer, porque esquecer você seria esquecer o amor de viver.

Nem Sei...

Nuvens encobrem meus olhos, Uma neblina que esfria minha pele, Caminho no escuro, Escuto o som do mundo, A misturar, Triturar a luz do dia, Em meio a magia dos sonhos, Ainda respiro, Transpiro, A desejar, De forma vaga, Que o sol me traga, O calor, Acabe a dor, Que me aperta o peito, Desaba em meus olhos, O véu da tristeza, Tornar, distorcer, Em pedaços, Sei que vou esquecer, Sonhos infantis, De belos querubins, Risos infantis, No calor, Do fogo da paixão, Perdendo, Escoando, Minha voz no vento.

A Arte de Escrever...

A Arte da Escrita será o tópico do encontro dos poetas, figurando como uma oficina de redação.

Bom a idéia já vem de longe, acredito que será tão importante quanto agradável nos exercitar em conjunto uma idéia, segmentada por mentes diferentes em construção de textos que poderão vir a ser contos, até mesmo editados.

Escrever não é difícil, mas também não é tão fácil, queremos através deste, justamente resgatar a ampliar o dom já existente em cada um dos poetas de Poemas de Amor.

Vamos começar com Contos. Um Conto é mais difícil de escrever que uma novela, isto porque em um determinado espaço ele tem que se desenrolar com principio meio e fim, isto é dando a idéia inicial a qual seguida de uma narrativa que finaliza o enredo, então poderemos dizer que ele tem três partes.

Amor...

Eu te amo Tu me amas Te quero E me queres bem. Pena que o tempo Nos dê tão pouco tempo Do tempo Que ainda temos Para nos querer bem.

Amigos ?...

Quando você precisou de mim Chamou e eu cheguei voando. Quando precisei de você Fiquei só chamando...

PARTIDA...

(Para meu Pai) E o tempo, meu Pai, Não teve tempo De lhe enrugar a fronte! E a vida não foi capaz De destruir seus sonhos, Nem o Destino De abortar suas esperanças! A morte, porém, A tudo indiferente Não me poupou da dor Levou meus sonhos E esperanças E nem percebeu: Você se foi para a eternidade Mas na verdade Quem morreu fui eu.

A MULHER DA COLINA...

Era ranzinza e mal humorada. Vivia sozinha, numa casa velha e servia de divertimento para a criançada, que se comprazia em humilhá-la, ante o olhar complacente dos adultos, que faziam questão de ignorá-la. Ninguém se perguntava quem fora essa mulher que o tempo havia gasto tão inexoravelmente. Não se sabia de onde surgira. Simplesmente apareceu naquela cidadezinha perdida entre as montanhas. O corpo mal coberto por alguns trapos, cabelos despenteados e pés descalços, catava no lixo os alimentos que lhe matavam a fome. Isabel chegou há pouco tempo. Tinha só doze anos e era, em tudo, uma criança com seus cabelos compridos, esvoaçando ao vento . Muito alegre e comunicativa, fazia amizade muito facilmente e não havia quem resistisse ao seu riso contagiante. Ao voltar da escola, viu alguns meninos perseguindo uma pobre mulher indefesa, que apenas chorava, tentando esconder a sua infelicidade. Uns mais afoitos, rasgaram-lhe o vestido e, sem se conter, chamou-os de estúpidos e se interpôs entre aqueles brutos e a "Mulher da Colina". Ela não tinha nome e foi assim que a apelidaram. Tentou aproximar-se, mas foi repelida e achou melhor não insistir. Em casa, pediu à mãe um dos seus vestidos para oferecer àquela pobrezinha. Teve tanta pena! Ficara quase nua! Mal o dia surgiu, seguiu para a Colina. Sem saber bem por quê, ficou indecisa, sem coragem de bater à porta, onde uma mulher amargava os horrores da solidão. Sentou-se um tanto à distância, ouvindo o cantar dos pássaros que voavam nas imediações daquela tapera e quase assustou-se quando "a mulher da colina" surgiu à porta. - O quê você quer, menina? - Falar com a senhora. - Vá embora, garota! Não foi suficiente o que me fizeram ontem? Isabel observou que ela tinha um olho roxo e inchado. - Eles lhe fizeram isso? - E quem mais poderia tê-lo feito? - Olhe, a senhora me desculpe, mas cheguei aqui há alguns dias. Não tive nada a ver com o que aconteceu ontem e até tentei ... - Ah, eu me lembro! Foi você a menina que impediu que a garotada me linchasse! Pois saiba, mocinha, que não estou agradecida. Devia ter deixado que aqueles brutos me matassem. Ou pensa que gosto de viver? Pequena idiota! Eles me teriam feito um grande favor. Ora, mas você não entende nada disso! Vá embora, já disse! Deixe-me em paz! - Como é o seu nome? - Não tenho nome. Sou, apenas, "a mulher da colina". - Bem, minha mãe mandou este vestido e ... Era a primeira vez que recebia um gesto de simpatia daquela cidade que tanto a machucava e não pode impedir que as lágrimas lhe molhassem o rosto vincado de rugas. De onde vinha essa menina? Não queria a piedade de ninguém! Entrou e bateu-lhe com a porta na cara. A pequena Isabel vivia triste pelos cantos da casa. Pensava, constantemente, naquela mulher estranha! Tinha que voltar à casa da Colina. Uma força superior a empurrava para lá. Era muito criança para entender o que estava acontecendo, mas resolveu que voltaria lá. "A Mulher da Colina" parece que a esperava. Não a mandou embora e até ensaiou um arremedo de sorriso. Levou-lhe um presente. Numa sacola havia pão e um pedaço de queijo. A mulher nada dizia, olhando aquela criança loura, que parecia ser a única pessoa com coração naquela cidade. Não estava acostumada a gestos de carinho. A vida só lhe havia dado dores acerbas, dissabores atrozes, mágoas profundas, até essa criança surgir não sabia de onde. Isabel acostumou-se a visitá-la diariamente e em pouco tempo eram amigas, não obstante as diferenças gritantes entre as duas e devagar foi arrancando-lhe retalhos de lembranças. - Sabe, nem sempre fui assim. Já tive nome! Quando nasci chamaram-me de Luciana. Fui casada e tive uma filha. A última vez que a vi tinha assim a sua sua idade. Também era loura como você e eu. - E onde anda a sua filhinha? - Não sei. Nunca mais a vi. Isabel ficou cansada de convidar a mãe para visitar Dona Luciana. Agora ela tinha nome - dizia toda orgulhosa - , mas a mãe nunca tinha tempo e resolveu pedir ao pai que a acompanhasse e para lá seguiram num domingo ensolarado. Dona Luciana não se mostrou muito amável na presença daquele desconhecido, mas terminou deixando-se contagiarpela alegria de sua amiguinha. Trazia boas novas. O pai consentiu que fosse morar num quartinho nos fundos da sua casa e assim poderiam ficar mais tempo juntas. Foi uma luta convencê-la. Havia se acostumado à sua desgraça. Era um quartinho pouco maior que a sua cabana, singelamente decorado pelo carinho de uma criança. Dona Celita não viu com bons olhos aquele arranjo e discutiu com o marido a permissão para que uma estranha ali se instalasse, mas terminou por aceitar o inevitável, considerando ainda a alegria da sua pequena Isabel e com o tempo concluiu que fora ela que saíra ganhando, pois a tia Lucy - como passou a ser chamada, revelou-se uma pessoa muito educada, de bons princípios e, para sua grande surpresa, muito instruída. Isabel passava todas as suas horas livres naquele quartinho e a tia Lucy ensinava-lhe os deveres escolares e lhe contava estórias. Desde o princípio, Dona Celita ficou impressionada com aquela mulher, que podia ter cinqüenta anos de idade. Habilidosa, reformou os vestidos que lhe dava e tinha hoje outra aparência. Estava sempre procurando ajudar: cozinhava, lavava, arrumava a casa e aos poucos conquistou toda a família e Dona Celita decidiu penetrar naquele mistério, custasse o que custasse. Isabel já havia falado sobre a sua filhinha e achou que não havia melhor assunto para fazê-la falar. - Tia Lucy, Isabel me disse que a senhora tem uma filha. - É verdade. - E onde está sua filha? - Não sei. - Fale-me sobre ela, pois talvez possa ajudá-la. - Ninguém pode me ajudar. - Vamos tentar? - Bem, quando as meninas ainda brincam de bonecas, já estava casada com um rapaz tão criança quanto eu. Fugi de casa para escapar de uma madrasta mais malvada do que "a bruxa de Branca de Neve". Meu marido era um garotão bonito e trabalhador. Nada nos faltava e vivíamos felizes. Minha filha nasceu numa bela manhã de sol e foi a primeira boneca que tive na vida, pois vim de uma família pobre. Além disso, não conheci mãe e minha madrasta só me dava pancadas. A partir do nascimento da minha filha, meu marido mudou o comportamento. Passava dias sem aparecer em casa e quando chegava estava sempre embriagado e agressivo. Um dia pediu-me o divórcio. Não concordei porque o amava muito. Certo dia, quando acordei, minha filha tinha desaparecido. Chorei, gritei, esbravejei e meu esposo ria, divertindo-se com a minha desgraça. Foi um momento dramático e triste da minha vida. Não sei contar como aconteceu, pois só me lembro que ouvia, como se viesse de muito longe, aquela risada tétrica. Escutei-o dizer que a menina era só dele e que jamais mais haveria de vê-la. Estávamos na cozinha e havia uma faca em cima da mesa e enfiei-a nas suas costas. Ele não gemeu nem gritou. Eu? Eu também não griteinem chorei. Simplesmente corri.

INCÓGNITA...

Sou como o mar. Hoje, de ondas revoltas E indomáveis. Amanhã, de águas calmas E insondáveis, Guardando mistérios E enigmas. Depende da maré.

CERTEZA...

Quando Este amor for passado E só a saudade restar Como epitáfio gravado No mausoléu do tempo, Por certo lembrarás alguém Que te quis bem, Pois ninguém sendo amado Como tu és, Poderá deixar De amar também.

MÃE...

MÃE! Há as que estão no Céu e as que daqui não saíram! Há as ricas, as pobres, as brancas, as pretas, as de verdade, as emprestadas e as de mentira! As Marias, as Joanas, as Dolores! Há as muito felizes e as desgraçadamente infelizes. As que são amadas e as esquecidas. As que nada lhes falta e as que lhes falta tudo! São Mães e nada mais desejam. Castelos são construídos no ar, ricos e plenos de amor. As noites insones e as madrugadas indormidas nunca lhes calaram a voz e a cantiga de ninar foi inventada para lhes acariciar o coração. O sol da manhã lhes doura a fronte cansada e o dia renasce no sorriso que diviniza o rosto do filho e ela sonha o seu sonho e vive a vida que lhe deu! E ri o seu sorriso e chora a lágrima que lhe inunda a face. Nunca está cansada e nem se recrimina pelos percalços que a vida lhe impõe se está em jogo o futuro do filho. Pela lei natural da vida, partem primeiro para a eternidade, mas se por um infortúnio o contrário acontece, enterram o coração no túmulo que encerra o corpo amado e a vida nunca mais será a mesma! Mas entre o tumulto da vida e a dor da saudade, uma mulher se impõe para ensinar-lhes que a dor purifica, que Deus é sábio e o Paraíso existe para que os filhos que lá estão velem pelas mães que aqui ficaram. E quem nos ensina essas verdades é Maria, escolhida para ser a mãe do próprio Deus e que viu Seu Filho imolado para que a humanidade não perecesse nos abismos e precipícios da vida. Um abraço a todas as Mães, não apenas as que aqui estão, mas as que do Céu ouvem seus filhos dizerem: “Mãe não rima, certamente, Mas vejo lembrando a minha Que há muita rima se a gente Quiser chamá-la Mãezinha”.

A AUSÊNCIA DOS PAIS...

Com raríssimas exceções, só há no Brasil, hoje, duas classes sociais: os muito ricos e os miseráveis. Essa situação criada pelos altos dignitários da Nação – legisladores e executivos – desestruturou a família que, na ânsia de defender o seu salário real, na luta pela sobrevivência, esqueceu a responsabilidade de educar, preocupando-se, exclusivamente, com o gerar filhos e abandoná-los à própria sorte. O diálogo foi abolido da sociedade, a começar pelo lar. Pais e filhos só se encontram para discutir, ralhar, brigar. Não há amor, absorvidos que estão na busca incessante do dinheiro, de uma posição social. Não se fala em Deus, nem em Pátria e muito menos em família. Sozinhos, carentes de afeto, os nossos jovens enveredam por caminhos tortuosos, procurando alívio para a ausência de afetividade nas drogas, no sexo desordenado, na corrupção dos costumes, provocando mortes inúteis, alienação, destruição, guerras e conflitos interiores; é a decadência do ser humano, a falência moral. Pergunte-se aos pais se conversam com os filhos sobre o sexo desordenado e a AIDS; se estão inteirados da atuação dos seus filhos na escola, como por exemplo: quem são seus professores, quais as matérias em que se destacam, as dificuldades encontradas, as notas que têm conseguido; os planos para o amanhã, os objetivos, a profissão que desejam, os seus sonhos e esperanças. E sobre as drogas? Os perigos que se escondem atrás das amizades, as evidências dos que se iniciam nas trevas dos entorpecentes, evidências que nem sempre se quer atestar, que se prefere fazer de conta que não existem? Quantos responderão afirmativamente que dialogam diariamente com seus filhos sobre assuntos políticos, sociais, culturais; falando sobre saúde, educação, lazer, religião? Uma reformulação de conceitos faz-se necessária, urgentemente, principalmente no que se refere à reaproximação entre pais e filhos, a retomada de consciência no sentido de que gerar e parir implica numa responsabilidade maior que é o educar, preparando os nossos jovens para uma sociedade mais justa e mais humana.

CRIANÇA ESPERANÇA...

Era uma vez uma criança a quem tudo fora negado. Não tinha pai nem mãe, comia o que catava nos lixões da cidade grande, não possuía um teto para protegê-lo do sol ou da chuva, dormindo ao relento e em vez de contar “carneirinho”, contava as estrelas do céu. Como toda criança, sonhava com carrinhos e bolas de futebol... Ah, mas isso era apenas sonho! Nasceu para ser grande, pois ninguém vem ao mundo rotulado de pobre, miserável ou marginal, no entanto, a fome não lhe permitiu vôos mais altos. Não se preocupava com os trapos que lhe cobriam o corpo. Já não sofria porque não freqüentava a escola. O que lhe doía, mesmo, era não ter um pedaço de pão para mitigar-lhe a fome. Nunca ouviu falar que o Estado tinha obrigações com ele. Saúde, Educação, Lazer, que diabo era isso? Ele não sabia. A fome não deixava. Aos poucos foi encontrando outros meninos iguais a ele e com esses companheiros aprendeu que o mundo é do mais sabido e tornou-se “trombadinha”. Assaltava, principalmente, para comer, mas depois descobriu que “cheirar cola” era o máximo, mas isso não podia fazer a céu aberto, pois a sociedade, essa mesma sociedade que sempre lhe voltou as costas, não ia permitir tamanho descalabro. E aí, o que fazer? Precisava de um refúgio. Procura daqui, procura dali, o grupo descobriu um viaduto e lá fez o seu quartel – general. Roubava de dia e à noitinha, cheirava cola. Prá que vida melhor? Afinal, não pedira para nascer. Alguém, por um momento de prazer, jogara-o ao mundo, como se fosse um trapo ou um copinho descartável. Nada aprendeu sobre respeito, integridade, amor, carinho. A vida estava à sua frente para ser agredida e não vivida. Como não conhecia as delícias de uma boa educação, nunca freqüentara uma escola e jamais trabalhara, ia tocando a vida reservada aos excluídos, até que ... “A Polícia botou fogo num viaduto onde crianças se abrigavam ...”

DEVANEIO...

João acordou numa manhã cinzenta e fria e correu para a rua. Nem se lembrou de um cafezinho, até porque há dias nada havia para comer. Ia cabisbaixo e triste e nem se deu conta de que estava enregelado. Vendera sua única camisa, para que o leite não faltasse aos seus filhos. Conhecera dias melhores, mas fora há tanto tempo que nem se lembrava mais! Ah, mas isso, quando tinha um emprego! Não ganhava muito, é verdade, mas o salário era suficiente para alimentar a família e jamais deixara que o alimento lhes faltasse. Havia escola para os filhos, roupa decente para a esposa e até sobrava um pouquinho para o lazer. Nada muito sofisticado, como passeio à Disney, por exemplo, mas levava os filhos ao Parque, um cineminha, o jogo de futebol! Quando fora isso? Nem sabia mais! Na verdade, não fazia tanto tempo assim. Trabalhava numa fábrica , gostava do serviço e o patrão sabia o quanto era dedicado. Nunca pensou em dólares, em divisas, câmbio, Bolsas de Valores ou coisas assim. Isso era assunto para ser discutido entre empresários. A ele nada disso interessava. O que importava mesmo era o seu trabalho e esse fazia a contento. Se o dólar subia ou descia, não era problema seu. Um dia, porém, o seu mundo ruiu. Alegando contenção de despesas, o patrão o demitiu. Claro, já vira isso acontecer a outros, mas jamais imaginou que um dia seria mais um desempregado no país dos desempregados. As coisas ruins só acontecem ao vizinho! Agora estava ali, no meio da rua, andando à toa, sem rumo. Já batera a todas as portas para ouvir a mesma resposta: não temos vagas! Sentou-se num banco de jardim. As pernas já não suportavam o peso do corpo! Pensou em desistir de tudo. Seria tão fácil morrer! De repente, a pracinha desapareceu, sumiu. Uma multidão o aplaudia. Viu-se aclamado como herói! Havia matado um monstro que destruía famílias inteiras e o mundo sorria! Estava num país onde o céu era azul, a chuva molhava a terra que produzia os alimentos; as vacas pastavam na campina sempre verde, produzindo leite para as crianças; os idosos não se preocupavam com a sobrevivência, porque a aposentadoria que recebiam por uma vida inteira de trabalho era mais do que suficiente para prover-lhes a vida; nas ruas não havia crianças abandonadas, roubando os transeuntes, porque as escolas, equipadas com oficinas, ensinava-lhes além do Bê a Bá, uma profissão; o sistema de habitação era prioridade de Governo e ninguém dormia ao relento. Havia emprego para todos e o salário não era mínimo, era suficiente, pois dava para as despesas com alimentação, vestuário, transporte, educação, saúde e lazer. Mas, por que tanta aclamação? O que fizera de tão heróico? Matar não é crime? E, afinal quem ele havia assassinado? João merecia mesmo toda aquela homenagem, pois destruíra o responsável pela fome, pela miséria do povo, pela violência. João havia desmontado um monstro criado pelo Sistema. Matara o desemprego.

VOCÊ...

Você é tudo que amo na vida. Que eu gostaria de ser ou de ter sido. Você é a minha essência querida É a fragrância da rosa no meu viver sofrido. Você é esse tudo de meiguice e doçura Feito de tulipas perfumadas e de jasmim Você é o riacho que canta, a fonte que murmura Você é a areia da praia com sabor de jardim. Você é esse céu azul de anil Que enfeita de estrelas o meu amor. Você é a minha noite primaveril, A lua branca e louçã ... Você é o meu sonho de esplendor Porque você ... você “sou eu amanhã!”

CONFISSÃO...

POESIA : CONFISSÃO: À memória de meu pai Meu pai! Foi tão pouco o tempo Que nós dois tivemos Prá nos querer bem, Que nem tempo houve Para o nosso amor! É verdade! Não conheci teu corpo Somente a tua alma Me foi mostrada E amei-o assim E assim me amaste, Além da vida, Sem começo e sem fim>

FÁCIL ? DUVIDO...

Eu queria Uma coisa simples Como o desejo, Que fosse forte Como Hércules, Grande Como a Muralha da China! Imponente Como a Torre Eifel! Magnífico Como o Colosso de Rhodes Ou os Jardins Suspensos Da Babilônia De Nabucodonosor. Queria... Um amigo.

DÊMONIOS...

Há de tudo na vida E ainda sobra ... Há os que destroem Porque não sabem construir! Os que ferem Porque não sabem curar! Os que criticam Porque não sabem elogiar! Os que difamam Porque não sabem compreender! Os que caluniam Porque não sabem perdoar! Os que odeiam Porque não sabem amar! São aves de rapina Que se destroem No seu inferno particular.

O ACASO...

Confortavelmente sentado num sofá, ao lado de uma mulher jovem, Rogério tem no colo uma criança entre quatro ou cinco anos de idade. Por trás da cadeira, um rapaz contempla a cena, risonho e feliz. Rogério é um cavalheiro de sessenta e cinco anos de idade, aproximadamente. Veste calça cinza, de gabardini, camisa de listas vermelhas e brancas, em popeline e um colete da mesma cor e tecido da calça, sapatos marrons e meias brancas completam a indumentária. Os cabelos rareando deixa-nos antever um princípio de calvície, na cabeleira cor de neve. Usa óculos, preso por uma corrente dourada e ri divertido, certamente, por um dito espirituoso do netinho. É viúvo e a jovem ao lado é sua filha Clarice, casada com o rapaz que contempla o quadro – Sérgio – um escritor bem sucedido apesar da sua juventude e o neto, no seu colo, é Henrique, seu neto, a quem adora. Filho único, nasceu numa cidade do interior da Paraíba, mas estudou em São Paulo, onde passou a residir depois de casado. A esposa, Estela, natural da Paulicéia, filha de imigrantes italianos, estava na mesma Universidade. A amizade que os uniu, transformou-se no amor que os levou ao casamento. Do matrimônio nasceu Clarice, a filha que o presenteou, no inverno da vida, com Henrique, o neto que o encanta e diverte. Seus pais, bem velhinhos, ainda residentes na terra natal, ressentem-se da ausência do filho, que, para compensá-los, visita-os duas ou três vezes no ano, e, pelo menos numa dessas viagens faz-se acompanhar pela filho e o neto. No seu semblante há risos de felicidade, olhando enlevado para a criança no seu colo. Está aposentado, mas exercia, anteriormente, a profissão de Engenheiro Civil, numa grande empresa. Gostava do seu trabalho e era muito respeitado e querido por colegas e chefes. Seus amigos, escrupulosamente escolhidos, tinham mais ou menos a sua idade, igualavam-se cultural e socialmente, mas entre os humildes também contava com pessoas a quem oferecia a sua amizade desinteressada e sinceramente. Apesar do amor que sente pela filha e sua família, prefere morar sozinho, ter o seu canto próprio, gozar a sua privacidade. Somando a indenização ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, acrescido de algumas economias, construiu uma casa longe do burburinho da cidade. Não uma mansão, mas uma casa simples com uma sala, dois quartos, copa, cozinha e uma saleta para ler, escrever, ouvir música, assistir à TV. Um jardinzinho com petúnias, rosas, violetas, jasmins e margaridas enfeita e embeleza a entrada da casa. A garagem para o seu Corsa azul, de segunda mão, fica nos fundos do quintal. D. Marta, espécie de Governanta, copeira, arrumadeira, cozinheira, beirando os cinqüenta anos, tem o seu quartinho junto à copa. O sol já o encontra de pé, cuidando do seu jardim, livrando-o das ervas daninhas, podando, transplantando, regando e colhendo as flores que enfeitam a sua sala. Longas caminhadas fazem parte do seu dia-a-dia e a Filatelia é hoje sua grande paixão,dedicando-lhe boa parte do seu tempo de aposentado. À noite, diverte-se ouvindo música – prefere Nelson Gonçalves, mas também curte Agepê -, e assistindo na TV os seus programas favoritos, entre eles o Jornal Nacional e as séries apresentadas pela Globo. Fanático torcedor do Flamengo, assiste a todos os seus jogos e vibrou com Zico no Ministério dos Esportes. Teve uma vida relativamente boa. Não fosse o desaparecimento prematuro da esposa, morta num estúpido acidente automobilístico, quando visitava uma amiga no interior do Estado e se diria feliz. A filha tinha dez anos de idade, quando do desastre e preferiu não se casar novamente, cultivando a saudade da esposa com carinho, sem, no entanto, permitir que o seu drama interferisse na vida da filha. Nos fins de semana é comum visitar o neto e algumas vezes é Henrique quem passa um dia ou dois na sua companhia. Rogério sabe fazer-se amado e o neto enche de risos a sua vida de aposentado. Com o neto volta à infância, esquece as dores e as tristezas nas peraltices que juntos praticavam. Rogério é um homem comum, mas muito especial e enfrenta a vida tal qual se apresenta, sem complicações e muito amor. É um amigo que surgiu ao acaso, das folhas de uma revista, numa noite de solidão e se me apresenta como uma amizade que deve ser preservada e cultivada carinhosamente, com o mesmo amor e desvelo do jardineiro pela sua flor predileta.

CREDO...

Creio no amor Como fonte perene de alegria! Creio na amizade Inventada Para colar os pedaços Que o amor vai deixando Por onde passa. Creio na razão Que apesar do amor Impõe suas regras. Creio nos homens Que Deus criou Creio em você e em mim Porque creio no amor.

DELITO...

Meu crime? - Amar-te. O teu? - Não me amar. Castigo? - O meu, Amar-te pela vida afora. O teu? - Nunca mais Ser amado assim.

( Des)ilusão...

Por um momento Eu te desejei Te amei. Ainda te amo E ainda te desejo Mesmo que a vida Não me deixe viver.

Saudades...

Com você fui o sândalo a perfumar A floresta virgem que à vida conduz. Com você fui a água que canta, pássaros a gorjear. Com você fui o amor, o sorriso e a luz. Sem você sou o nada a perambular perdida, Pelos caminhos íngremes, a receber açoites. Sem você sou o pântano, o lodaçal da vida, Sou o contrário da luz: sou o escuro das noites. Com você fui o firmamento azul celeste, Fui as estrelas d’alvas da vida a cintilar. Com você fui a brisa mansa que sopra no Nordeste. Com você fui as flores, os jardins a perfumar. Sem você sou o solo seco e árido. Decerto Sem você sou uma terra pobre, um povo sem pão. Sem você sou a miséria, a aridez do deserto. Sou um corpo sem vida, a eterna solidão. Com você fui a reza da Missa. Fui o canto Da prece que une. Fui a beleza da flor. Com você fui a graça, a ternura, o encanto. Com você fui a vida, a beleza, o amor. Sem você sou a lágrima fremente. Sou a mágoa, a descrença, a maldade. Sem você sou a dor, a revolta somente. Sem você sou o ódio, a tristeza, a saudade.

INEGOCIAVEL...

Carinho Não se compra, Não se vende, Nem se empresta. Carinho É o que você me dá! É o que eu dou a você! Mesmo à distância. Ainda que não nos vejamos, Não nos encontremos nunca!

EMPRESTIMO

Você me deu a paz E como era sua, Depois tomou. Deu-me momentos De alegria e risos Que há muito O meu coração Não conhecia. E como tudo lhe pertencia Levou de volta E fiquei de mãos vazias. Devolvi tudo: Paz, sorriso, alegria. Não por querer, Mas por dever. Não pense, porém. Que fiquei sem nada. Guardei as lembranças Em papel de presente, Ornamentadas Pelos laços da saudade.
Estavas no caixão sereno e lindo Aureolada a fronte, o olhar incerto Estranho leito de flores coberto Mais parecias um anjo dormindo. Fiquei ali o teu sono a embalar Naquele doce “dorme-dorme, filhinho” Eu cantava pra você Uma doce canção de ninar. De repente, a dor, a saudade, a revolta Esqueci a canção de ninar Cantei o amor, esqueci de rezar E fiquei a esperar tua volta. E me lembrei do porquê da revolta Da minha dor e também da saudade É que estando na eternidade Nem mesmo Deus pode me dar você de volta.

LABIRINTO

Perdi-mei dentro de mim porque era labirinto,quando me achei senti saudades de mi.
Há alguem dentro de mim que não me deixa calar.
Um dia tudo passará...

e o vento levou...mais uma vez.

Essa coisa que é melhor tentar e não dar certo, do que não tentar é um pouco relativa. Existem coisas que é melhor não fazer, simplesmente desistir, porque os sinais de não dar certo são muito evidentes. Mas o que fazer depois da coisa dar errada? Eu sempre passo por algumas fases. A primeira é me arrepender de ter tentado. Fico na depressão por algum tempo, pensando no que aconteceria se eu não tivesse cometido a burrada. Depois vem a fase da raiva. Por que nada dá certo comigo? Por que não pode dar certo, se tem tudo para dar certo? A última fase é se conformar e seguir em frente. E essa é a parte mais difícil, a fase que eu nunca consigo completamente. Tenho um sério problema de reter coisas do meu passado por muito tempo. Isso não é bom. Gostaria muito de ser aquelas pessoas que passam alguma coisa, quebram a cara, levantam e seguem em frente. Tipo Scarlett O'Hara em "O Vento Levou". A questão é: ter um forte motivo para continuar. Tenho em minha vida milhões de motivos para continuar. Sei que Deus tem planos para minha vida, sei que posso ser feliz se aceitar a vontade Dele sem questionar. O problema é que sou um ser-humano muito complicado. Meu coração fica amargando a derrota por muito tempo. Tenho o "dom" de só ver as coisas ruins da minha vida. Subsumindo os fatos abstratos aos reais, ou seja, trazendo a teoria para a vida real: eu sofri uma decepção, estou amargando a derrota e sem forças nenhuma para me levantar. Sei que tenho dois caminhos a seguir: esquecer tudo isso e partir para outra. Sofrer mais um pouco e partir para outra. Acho que vou escolher a 1ª parte. Nada de ficar sonhando em como eu estaria se tivesse dado certo. Sei que vou passar por mais essa, porque simplesmente a vida tem que continuar.

A Espera.

É só esperar acontecer, é só continuar e não deixar Que as lágrimas embacem o olhar, E não deixar que a tristeza. Tire a força do caminhar, Continuar olhando nos teus olhos E enxergando a verdade, Que nada e ninguém pode impedir .
Eu dancei com a tristeza E sua alegria me confundia Efusiva alegria da tristeza Vestida em branco marfim! Os meus passos trôpegos A meia luz no meio do salão O bailado leve e lento da tristeza Me dizendo pra não ser assim... Mas o que falar pra tristeza Na sua alegria sem fim?? Como esconder dessa alma boa Os pedaços que sobram de mim?? Enganei a tristeza embriagada... Pobre tristeza! Triste tristeza! Sorrindo pro mundo todo Dançando com um quase morto !

o amor...

Vi o amor despontar entre os trigais revestidos de ouro.Vi nuvens pretas, carregadas de odio,despencarem a inveja sobre eles arrasando-os todos.Veio a brisa, muito mansa, embalando o que sobrou, tentando amenizar.Perguntei ao arco-iris onde estavam as sete cores que nunca pude encontrar?...O sol, amarelo de medo, desmaiou nos brados das montanhas.Surgiu aquela estrelinha, muito branca, que de tão assustada começou a tremer.Olhei ao meu redor, tão desolado na minha solidão, que soltei todos os brados acorrentados no meu corção.
A brisa suave toca meu triste rosto que chora sem ao menos molhar os olhos, chora calado, sozinho ao sentir solidão. A mão trêmula tenta escrever por essas mal traçadas linhas o que sente.O vento bagunça meus cabelos que antes, muito mais sedosos eram.Meus olhos tristes, ao se verem pálidos no espelho.

Dói mais teu silêncio que tua agressão Tentar crescer Saber dizer não Ter seu espaço Sua opção Tudo em vão A gente se esquece e tudo promete Tenta não ver Que enlouquece Barra pesada Isso nunca mais Te encontrei Nada adianta e não tem disfarce Pra que mentir Diz a verdade Tanta solidão A quem convém Esquece e vem Esquece e vem A gente quase tudo tem.

Eu sempre estendi as mãos para as borboletas... Abria os braços para o passado saudoso... para o futuro sonhado... mas nunca tocaram em mim. Hoje, fiquei imóvel e uma pousou no meu pé.

Vento Forte...

O vento aqui não pára. Nem um segundo, nem um pouquinho. Ah, se eu fosse moinho...
Hoje amanheci como uma ostra, como uma pedra, como uma arvore...trancado, fechado, esquecido dentro de mim.
Meu coração tem sempre tantos questionamentos, porém meus olhos não perguntam nada.Por isso de vez em quando, “fecho os olhos pra não ver passar o tempo”.

Nasci com três vidas. Uma longa para os meus amores, outra média para a minha imaginação e uma, a mais breve, para mim.Apesar do desespero que é amar, o amor é sensacional.Embora a imaginação nem sempre possa se materializar, imaginar é extraordinário.E ainda que a vida tenha um fim, viver vale a pena por causa do mistério do sim.

Lá parece sempre melhor do que aqui.Mas quando vou lá quero estar aqui e quando estou aqui quero voltar para lá.Sonho que um dia o lá se torne para sempre o meu aqui...

Voltei a escrever e já não queria
Pensava ter esquecido este meu versejar
Ser poeta é criar e sofrer todo o dia
Passar ao papel o que a alma encontrar.
Este estado de alma que já não ousaria
Que nos faz sofrer, para me encontrar,
Deixa o meu corpo quando escrevo poesia,
Nos poemas que ela cria, para me libertar.
A ti que mais amo e sem querer
Se fico triste e te faço sofrer
Rosa eu te quero, rosas eu te dou.
E se tu me vires distraído ou disperso
Uma única coisa eu imploro e peço,
Espera! A minha alma não regressou.

Partes de mim...

Não sei quantos eus cabem em mim,pois em mim mora multidões. Eu sou quando me tranco em meu quarto, me visto daquilo que não sou.

Momentos...

Há momentos em que só queremos o silêncio. Quando muito os silêncios. Sem palavras. O exterior incomoda.
Há dias em que a saudade dói mais !
Há horas em que a saudade é mais forte ! Há instantes em que a saudade alucina ! Há dias em que não há dia...Só saudade !

existência...

Sempre corri atrás de mim como uma criança que corre atrás de um balão levado pelo vento...eu era o vento e não sabia !
"...Atiro para o céu os risos E as gargalhadas buscadas no infinito Me esqueço sozinho de tudo que o tempo me fez Cobrindo todo meu eu e o eu de mim... Explode minha solidão mais negra à procura de um poema que diga que a madrugada amanheceu... E no luar que morre eu me afogo Levando da vida e do mundo As histórias da história, da história desse fim..."